Rios despoluídos: 5 exemplos que mostram que a revitalização é possível
As cidades tendem a se desenvolver em volta do rio, é uma questão histórica e cultural uma vez que o rio é fonte de água, de alimento, de deslocamento, de lazer, de comércio! Mas essa ocupação do entorno do rio e o crescimento das cidades trazem uma série de conflitos e dentre eles a poluição dos nossos corpos hídricos!
“As cidades começam a ser construídas às margens dos rios e elas vão subindo o vale, acontece que por causa de uma conjunção de fatores implantamos um modelo de urbanização em que o espaço do rio foi sendo suprimido” (MELISSA GRACIOSA – PROGRAMA PORQUE O MUNDO PRECISA DE ÁGUA).
No Brasil temos vários exemplos de rios (principalmente) urbanos que estão poluídos e são fonte de contínuos problemas para gestores e governadores daquele determinado município. As enchentes e inundações agravam essa poluição, pois leva para os rios diversos contaminantes, a falta de saneamento básico ou o saneamento ainda precário também é outro ponto de alerta para a poluição dos rios e causa um problema ambiental e social. De acordo com Bobadilho (2014) estes impactos aos rios são causados por fatores conhecidos e muito debatidos, porém pouco solucionados!
Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/riacho-enseada-sujo-manchado-5412977/
O primeiro passo para despoluir um rio é acabar com os focos de poluição, sejam eles esgotos, efluentes, lixos ou produtos químicos. O segundo passo é a vontade política e comprometimento dos gestores públicos em elaborar projetos consistentes e viáveis. E o terceiro passo é o apoio da sociedade com cobrança das autoridades e conscientização ambiental para o uso dos locais públicos sem deixar o rastro do lixo e da desordem (FOLHA DO MEIO AMBIENTE, 2020).
Apesar de tantos problemas não podemos desanimar, pois há soluções e com as inovações e o avanço da tecnologia é possível sim despoluir um rio e devolver a vida para ele! Vamos ver alguns exemplos?
1. Rio Sena (Paris, França): o rio foi sendo degradado devido a poluição industrial e esgoto doméstico e em 1920 se tornou foco de preocupações ambientais. Em 1960 começou os investimentos para revitalização e com isso construção de estações de tratamento de esgotos e projetos de recuperação do ecossistema. Atualmente há mais de 30 espécies de peixes, mais de duas mil estações de tratamento de esgoto, há leis que multam as companhias que lançam poluentes nas águas (REVISTA EXAME, 2014; SISTEMA PREVISO DE GESTÃO DE OBRAS, 2019).
Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/arquitetura-ceu-azul-ceu-de-brigadeiro-barcos-6059888/
2. Rio Tâmisa (Londres): o rio tem uma longa história de poluição ao longo de seus quase 350 Km de extensão! As águas começaram a apresentar problemas de poluição em 1610 devido a falta de saneamento básico e várias doenças começaram aparecer em decorrência disso. Em 1964 e 1984 começam a surgir resultado dos projetos de revitalização e 15 anos depois um incinerador começa a dar destino aos sedimentos vindos do tratamento das águas, gerando energia para as duas estações. Atualmente dois barcos percorrem o Tâmisa de segunda a sexta e retiram 30 toneladas de lixo por dia (REVISTA EXAME, 2014; FOLHA DO MEIO AMBIENTE, 2020).
Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/barco-a-vela-branco-e-marrom-1796715/
3. Córrego Cheonggyecheon (Seul, Coreia do Sul): este córrego urbano chegou até mesmo a ser coberto por concreto, em 1976 cerca de 5.6 km de vias elevadas foram construídos acima dele. As construções permaneceram até 2003, quando urbanistas decidiram derrubá-la para revitalizar a área e ajudar Seul a se tornar uma cidade moderna e ecologicamente correta. O projeto de restauração movimentou milhões de dólares e foi criada uma linda área verde ao longo do centro da cidade. Atualmente suas águas são extremamente limpas e bem tratadas, sendo ponto turístico, referência em beleza e uma alternativa para manter a natureza em meio ao centro urbano (CICLO VIVO, 2014).
Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/edificios-e-corpo-d-agua-durante-a-hora-dourada-237211/
4. Rio Cuyahoga (Cleveland, Estados Unidos): tinham tantos materiais inflamáveis que em junho de 1969 o rio pegou fogo. Devido à intensa atividade industrial e o esgoto doméstico da região entre Akron e Cleveland, o rio era bastante poluído. Em 1970 foi assinado o Ato Nacional de Proteção Ambiental, que viabilizou a criação do Ato Água Limpa, e em 1972, ficou estipulado que todos os rios do país deveriam ser apropriados para a vida aquática e para o lazer humano. Hoje ele é parte fundamental do ecossistema da região, sendo lar e fonte de sustento de diversos animais. No entanto, a história era bem diferente num passado não muito distante (FOLHA DO MEIO AMBIENTE, 2020).
5. Rio Pinheiros (São Paulo, Brasil): o rio tem um histórico de poluição, entre os anos de 1950 e 1980 diversas substâncias tóxicas, metais pesados e lodos de efluentes passam a se acumular no fundo do rio. Em 1980 foram construídas as marginais do rio Pinheiros (Avenida das Nações Unidas), completando-se o processo de degradação da região do entorno do Pinheiros. Além do esgoto clandestino, o rio recebe a sujeira difusa das pistas da Marginal, adicionalmente óleo, restos de pneus e detritos dos carros são levados pela chuva para o seu leito todos os dias. Com a revitalização do rio a despoluição avança e 85% dos pontos de medição estão dentro das metas de oxigenação da água. Além disso, o rio tem 83% do esgoto tratado e as obras de limpeza, desassoreamento e saneamento progridem (R7 NOTÍCIAS, 2021; G1, 2022) . Quer saber mais? Assista a nossa entrevista com José Cavalcanti – AQUI.
Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/aereo-antena-arquitetura-asfalto-5048195/
Fazer a despoluição e revitalização de um rio urbano extremamente poluído como é caso dos cinco exemplos citados não é tarefa fácil, pode demorar anos e o investimento é alto, porém é necessário os benefícios superam os desafios, pois além da parte estética e paisagista há um ganho econômico, cultural, social e ambiental de imensurável valor. É importante sempre lembrar:
O mundo precisa de água, água limpa!
Referências: