Desmatamento: impactos e consequências
O desmatamento é um dos mais urgentes problemas dos últimos tempos, causa impactos diretos e indiretos, coloca em risco todas as formas de vida além de mudar o regime climático local ou mesmo regional e colocar em risco o desenvolvimento econômico.
Quando se fala em desmatamento é inevitável não falar sobre a Amazônia, segundo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON, 2022) de agosto de 2021 a julho de 2022 foram derrubados 10.781 Km2 de floresta, e esse número pode ser comparado a sete vezes a cidade de São Paulo, esses são dados fornecidos pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD). Ainda de acordo com o Imazon, o desmatamento dos últimos 12 meses citados “36% ocorreram apenas na região conhecida como Amacro, onde se concentram 32 municípios na divisa entre Amazonas, Acre e Rondônia. [...] enquanto a devastação cresceu 3% na região amazônica, a alta foi de 29% na área de divisa entre o Amazonas, Acre e Rondônia”.
O Pará é o estado com maior desmatamento na Amazônia (36%), seguido pelo Amazonas (25%) e Mato Grosso (15%), Rondônia (12,15%) e Acre (8%) IMAZON, 2022).
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“Um estudo liderado por uma pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) publicado na revista britânica ‘Nature’, apontou que o desmatamento diminuiu a capacidade da floresta Amazônica em absorver gás carbônico da atmosfera, a transformando em uma fonte de carbono. Além disso, áreas mais desmatadas têm maior emissão de carbono do que aquelas menos destruídas” (INSTITUTO ÁGUA SUSTENTÁVEL, 2021).
Para se ter dimensão do problema, até 70% da chuva em São Paulo depende do vapor d’água amazônico e a sua redução, que poderia ser causada pelo desmatamento em larga escala, seria capaz de provocar consequências seríssimas ao abastecimento de água (ECOFUTURO).
Cabe destacar que nem todo desmatamento na Amazônia é ilegal, é permitido desmatar uma determinada quantidade em propriedades privadas para uso comercial, ou seja, para pastagem, plantio. Segundo o Código Florestal do Brasil, cada proprietário de terra pode fazer corte raso de 20% da floresta amazônica em sua propriedade, mediante autorização dos órgãos ambientais.
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4 Consequência do desmatamento:
- Alteração no microclima da região: segundo uma pesquisa realizada por um time internacional de pesquisadores, com a participação do Instituto de Física da USP e na UNIFESP-Campus Diadema: “desmatamento de florestas vai provocar um aquecimento do clima global muito mais intenso do que o estimado originalmente, devido às alterações nas emissões de compostos orgânicos voláteis e as co-emissões de dióxido de carbono com gases reativos e gases de efeito estufa de meia-vida curta. [...] Descobriu- se que as emissões de florestas que resfriam o clima (compostos orgânicos voláteis biogênicos, os BVOCs) ficarão menores, implicando que o desflorestamento pode levar a temperaturas mais altas do que o considerado em estudos anteriores”. O desmatamento altera o microclima e o clima global!
- Perda de biodiversidade: a retirada da vegetação afeta toda a biodiversidade do local, sendo que muitas vezes o desmatamento acaba por retirar as espécies endêmicas de um lugar, levando-as à extinção. O desmatamento também afeta também as espécies de animais, pois destrói os seus habitats. O desmatamento causa um grande impacto ao ecossistema (BIOLOGIA NET)
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- Água e solo: a retirada da vegetação gera diversos problemas para o solo e a água. Reduz o teor de água no solo e de águas subterrâneas, bem como a umidade atmosférica, reduz a coesão do solo, de modo que a erosão, inundações e deslizamentos de terra ocorram mais frequentemente (IGUI ECOLOGIA, 2017).
- Doenças respiratórias: um estudo conduzido pela Fiocruz e pelo WWF-Brasil mostrou que as queimadas e consequentemente o desmatamento na Amazônia foram responsáveis pela elevação dos percentuais de internações hospitalares por problemas respiratórios nos últimos 10 anos (2010-2020) nos estados com maiores números de focos de calor: Pará, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Acre. Estas internações custaram quase 1 bilhão aos cofres públicos (WWF-BRASIL, 2021). Além disso, ao desmatar reduz a umidade do ar e com isso aumenta o número de doenças respiratórias.
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Recomendações da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura:
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) recomenda ainda as estratégias para a conservação das florestas (eCycle):
- “Criar projetos de reflorestamento bem planejados e investir nos serviços ambientais;
- Promover projetos de desenvolvimento de pequena e média escala baseados nas florestas, especialmente para as populações mais pobres, as que dependem mais delas;
- Promover o uso da madeira como fonte de energia e reutilizar ou reciclar os produtos de madeira;
- Melhorar a comunicação e a cooperação internacional, incentivando a pesquisa e a educação ambiental, facilitando créditos e integrando os projetos florestais na macroeconomia”.
Quer saber mais sobre desmatamento? Assista a Entrevista de João Manuel Filho (Geólogo pela UFPE, mestre pela Strasbourg, doutor pela USP e professor de geologia) para o Programa Porque o Mundo Precisa de Água: https://youtu.be/TVTVoDdV2UM
Referências:
Desmatamento vai aquecer ainda mais o clima do planeta