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O que são sumidouros de carbono? Qual a relação com as mudanças climáticas?

Você já ouviu falar sobre sumidouro de carbono? Para muitas pessoas esse assunto ainda é desconhecido, por isso nós vamos dar um panorama geral e explicar qual a relação dos sumidouros de carbono com as mudanças climáticas!

“Um sumidouro de carbono é qualquer sistema natural que absorve e armazena mais carbono da atmosfera do que libera. Os maiores sumidouros de carbono da Terra são as florestas, o solo e o oceano, sendo que este último já acumula cerca de 30% das emissões totais de dióxido de carbono da atmosfera” (GRUBER et al., 2019; TREEHUGGER, 2022).

Segundo artigo publicado em eCycle por Julia Azevedo, algumas estimativas mostram que os sumidouros removem por ano entre 9,5 e 11 Gt de emissões de dióxido de carbono da atmosfera.

Maiores sumidouros de carbono
Os maiores sumidouros de carbono da Terra são as florestas, solo e oceanos, cada um com suas características:

Florestas:

Segundo Treehugger (2022), as florestas “absorvem carbono da atmosfera por meio da fotossíntese, que então é depositado e armazenado na biomassa florestal como troncos de árvores, galhos, raízes e folhas. Grandes áreas de árvores e florestas atuam como sumidouros de carbono mais significativos simplesmente por causa de seu tamanho e vida útil mais longa”.

Fonte: Canva

Um estudo publicado na revista Nature Climate Change mostrou que as florestas sequestraram aproximadamente duas vezes mais dióxido de carbono do emitiram entre 2001 e 2019, sendo assim um sumidouro de carbono com absorção líquida de 7,6 bilhões de toneladas de CO2 anualmente (WRI BRASIL, 2021). Assim, as florestas têm sido tradicionalmente vistas como sumidouros robustos de carbono, porém ondas extremas de calor, desmatamento, seca e incêndios florestais aumentaram a mortalidade de árvores, particularmente em regiões semiáridas, que representam aproximadamente 41% da superfície terrestre da Terra (DASS et al., 2018).

Segundo Sullivan et al. (2020), florestas têm um limite de tolerância térmica de até 32o C na temperatura ambiente, sendo que ultrapassando essa temperatura começam a perder biomassa, a mortalidade de árvores aumenta e a taxa de crescimento da vegetação diminui. “Ocorre assim uma inversão de funções: em vez de retirar e estocar dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, a floresta passa a ser fonte de emissão de gases” (PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA – PPGECO, 2020).

Solo:

Os solos possuem partículas minerais, matéria vegetal decomposta, ar, água e até mesmo organismos vivos e por isso eles retêm uma grande quantidade de carbono que esses materiais já retiraram da atmosfera.

Fonte: Canva

Um exemplo são os solos cobertos por turfa (material originado da decomposição de restos vegetais e encontrado em áreas alagadiças como várzeas de rios, planícies costeiras e regiões lacustres), elas representam 3% da cobertura terrestre, mas possuem mais de 600 Gt de carbono, sendo assim representam 44% de todo carbono do solo e maior sumidouro terrestre do mundo (TREEHUGGER, 2022).

Em relação ao Brasil, os solos da região Amazônica e Sul do país possuem a maior concentração de estoque de carbono em comparação com os solos do Pantanal e Caatinga (INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DA NATUREZA).

Oceanos:

“O oceano é um importante sumidouro de CO2 antropogênico e absorveu cerca de 30% de nossas emissões entre o início da revolução industrial e meados da década de 1990. Esse efeito é um importante moderador da mudança climática” (GRUBER et al., 2019).

 

Fonte: Canva

Plantas microscópicas chamadas diatomáceas absorvem de 10 a 20 bilhões de toneladas de dióxido de carbono a cada ano simplesmente flutuando na superfície do oceano (KARLUSICH et al., 2021; TREEHUGGER, 2022).

Além disso, a vegetação costeira (florestas de mangue) também contribui para o sequestro global de carbono, pois os solos dos habitats de plantas marinhas têm uma taxa significativamente mais alta de absorção de carbono do que os ecossistemas terrestres (HILMI, 2021; TREEHUGGER, 2022).

Um outro contribuinte por fazer com que os oceanos sejam os maiores sumidouros de carbono do mundo são os icebergs da Antártida, eles fertilizam o mar, “promovem o crescimento de águas que absorvem o dióxido de carbono da atmosfera e, por meio das cadeias alimentares dos seres marinhos, transferem o CO2 para o fundo do oceano Austral”. 

 “A quantidade de carbono que chega ao fundo do mar numa região de 30 quilômetros de diâmetro ao redor de um bloco de gelo pode ser duas vezes maior do que a depositada em uma área de mar aberto” (PESQUISA FAPESP, 2011).

Sumidouros de carbono e mudanças climáticas

Como visto, os sumidouros de carbono são fundamentais para gerir as taxas de carbono na atmosfera e controlar o aquecimento global.

“Quando os sumidouros climáticos são danificados ou destruídos (por exemplo, quando há incêndios na floresta amazônica ou quando o excesso de carbono no oceano faz com que a água se torne ácida), esses ecossistemas podem parar completamente de absorver carbono e até emitir o carbono armazenado de volta à atmosfera. O aquecimento dos oceanos, por exemplo, afeta a capacidade dos ecossistemas marinhos de absorver CO2 porque a água mais quente naturalmente absorve menos CO2” (TREEHUGGER, 2022).

Fonte: Canva

 O WRI BRASIL (2021) apresentou um estudo publicado pela Revista Nature Climate Change em que fala sobre a necessidade de proteção das florestas do mundo para também conservação de sumidouros de carbono, além de mostrar que as áreas protegidas e terras indígenas são instrumentos importantes para combater as mudanças climáticas, alinhadas a políticas de controle do desmatamento: “27% da cobertura florestal do planeta que atua como sumidouro líquido de carbono está em áreas protegidas”.

Outro ponto importante que correlaciona os sumidouros de carbono com as mudanças climáticas, como já mencionado, é o papel dos oceanos:

“Os oceanos absorvem um terço das emissões de dióxido de carbono da humanidade e 90% do excesso de calor gerado pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa; são o maior escoador de carbono do planeta. Se o aquecimento da água do mar derreter as calotas de hidratos, existe o perigo de os oceanos se tornarem grandes emissores de carbono, com graves consequências para as alterações climáticas e o aumento do nível do mar” (NATIONAL GEOGRAPHIC, 2020).

Fonte: Canva

Assim, fica evidente como os sumidouros de carbono são importantes para o planeta e é nosso dever colocar em prática ações para sua conservação!

 

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